sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

O luxo do lixo


Hoje de manhã no ônibus olhando pela janela daquele jeito que as imagens vão passando sem que você se fixe em algo especial. De repente, borrões laranja constantes me chamaram a atenção. Eram os garis da Prefeitura do Rio. 

Solitários, com suas vassouras enormes, suas caçambas móveis, seus uniformes inconfundíveis. Varrendo as calçadas, as praças, juntando folhas e mais folhas, que se acumulam depois de uma noite chuvosa, desobstruíndo os bueiros. Fazendo seu trabalho diário, necessário e "imperceptível" aos olhos da maioria de nós. Em meio ao trânsito de estudantes, trabalhadores e de domésticas indo comprar pão fresquinho, a passeios matinais caninos, a caminhadas de jovens e velhinhos.

Personagens do cotidiano do nosso Rio de Janeiro. "Formiguinhas incansáveis" no eterno dever de manter a cidade mais bonita, higiênica ou pelo menos apresentável, já que boa parte da população não colabora muito com a limpeza e a preservação da cidade.

A cor de seus uniformes, o polêmico laranja, virou uma referência à Prefeitura da cidade, graças ao ex-prefeito maluquinho-beleza, César Maia. No início foi aquele choque, mas atualmente acho que virou um estilo, uma marca, destes trabalhadores. Confesso que até torço para que o novo prefeito insosso-moralista-normatizador, Eduardo Paz, não altere a indumentária destes grandes colaboradores para o azul sem graça adotado por seu governo.

No último Carnaval os garis do Rio ganharam uma justíssima homenagem da Grande Rio, que vestiu sua bateria e a Rainha, Paola Oliveira com o uniforme estilizado. E o famoso gari, Renato Sorriso, que já se transformou em uma celebridade carnavalesca, devido a sua atuação dançante e carismática após o encerramento do desfile de cada Escola, também foi prestigiado pela agremiação que o colocou como destaque em um carro alegórico.
Uma belíssima e luxuosa homenagem a todos estes anônimos que diariamente cuidam dessa lixarada que todos nós produzimos!


quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Andá com fé eu vou, que a fé não costuma faiá...

Acredito na Deusa, no Deus e em todas as forças positivas de Luz que estão com eles.
Acredito na Força da Natureza.
Acredito em Jesus, Maria, José e Maria Madalena.
Acredito em Zâmbi, em Oxalá, na minha mãe Nanã e no meu pai Ogum.
Acredito na minha protetora Iansã.
Acredito em Iemanjá, Oxum, Xangô, Oxóssi, Obaluaê...
Acredito nas Bruxas e em Magia.
Acredito nos elementais, protetores da Natureza, Fadas, Gnomos, Salamandras.
Acredito nas entidades de Luz, que nos ensinam tudo aquilo que precisamos para caminhar neste plano, Pretos-velhos, Caboclos, Exús-guardiões, Ibeijadas, O Povo do Oriente, os Médicos do Espaço.
Acredito nos meus guias, sr. Boiadeiro Laçador, Vovó Cambinda, Cabocla Jandira, sra. Padilha do Cabaré, Kira, Lua da Cachoeira, Crispim, vovó Luzia das Almas e naqueles que nem se apresentaram.
Acredito na Lei do Retorno.
Acredito em Reencarnação e na Lei do Karma.
Acredito que recebemos aquilo que merecemos.
Acredito nas energias que nos envolvem, boas e ruins.
Acredito no Livre Arbítrio.
Acredito na Mudança e no Perdão.
Acredito na força da Fé, do Amor, da Caridade e da Amizade.
Acredito que coisas inesperadas e positivas podem acontecer a qualquer momento, o chamado Milagre.
Acredito que acreditar no bem nos leva além.
Simplesmente eu acredito.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Nada se cria, tudo se copia...

Hoje eu acordei pensando em "coisinhas" antigas e em "coisinhas" atuais. Pensei em como o blog me lembra os diários que eu tinha quando era criança. Eu amava aqueles diários com fechadura e chave. Onde eu escrevia "meus maiores segredos" e sempre começava com a data e "Meu Querido Diário...". No meu primeiro diário lembro que minhas professoras da 3ª série primária escreveram mensagens de final de ano muito bonitas. Simples mensagens que volta e meia eu re-lia quando arrumava minhas recordações de infância. Hoje não faço idéia de que rumo teve esse diário, mas sei que demorei muito para decidir me desfazer dele, pois tenho uma enorme dificuldade de me desapegar daquilo que gosto e que demonstra o carinho das pessoas.

Nessa mesma época eu era louca por colecionar papéis de carta. Eu carregava, para cima e para baixo, aquela pasta enorme com papéis variados. Tinha papel de carta muito colorido, outros eram perfumados, alguns acompanhavam os envelopes coordenados, outros tinha formatos diferentes ou o desenho sombreado, bem clarinho. Muitos eram ilustrados com personagens famosos na época como os Ursinhos Carinhosos, a turma da Moranguinho, os bonequinhos "Amar é", a Hello Kitty e uma série de bichinhos fofos e bonequinhas rosadas e cheias de fru-frus. Levava a tal pasta para a escola com todo o cuidado e durante o recreio era aquela farra, uma amiga vendo a pasta da outra, fazendo propostas de trocas para os que tínhamos repetidos. Como os meninos faziam com as figurinhas repetidas dos álbuns de futebol. Ah, "quanta" preocupação nós tínhamos além da escola. A arte de se fazer uma boa negociação, uma boa troca. Eu me divertia demais!

Esses mesmo papéis serviam para escrevermos cartas para os familiares, as amigas, as professoras, os namoradinhos e quem mais merecesse esse mimo. Cartinhas escritas com canetas coloridas e perfumadas; decoradas com corações, flores, adesivos e tudo mais o que o universo feminino-infantil permitisse. Atualmente os scraps coloridos, brilhantes e musicais do orkut com textos fofos e as mensagens neste estilo, que as pessoas trocam por e-mail, me remetem a estas cartinhas famosas entre as meninas em meados dos anos 80. Pela internet troca-se recados com demonstração de afeto muitas vezes com pessoas que nunca vimos pessoalmente. E não é que tem vezes que essas pessoas, que só nos conhecem através daquilo que colocamos na rede e nos vêem através de uma tela de computador, conseguem nos mandar mensagens que fazem todo o sentido em um determinado momento. Isso me impressiona muito!

Durante minha adolescência os diários já estavam ultrapassados e as agendas de marcas famosas como Cantão, Company, Redley, Chomp, Anonimato e tantas outras, eram a última moda. As agendas eram rechonchudas de tantos clipes coloridos, fotos e recortes de ídolos tirados das revistas. Eu e minhas amigas tínhamos códigos para cada letra do alfabeto e memorizávamos. Como as agendas não possuíam os cadeados dos diários foi preciso criar uma forma de registrarmos os segredos sem que estes pudessem ser lidos por irmãos fofoqueiros ou mães curiosas. Me lembro até hoje deste código. Que engraçado!

Nessas agendas todos os aniversários importantes ficam registrados e os amigos deixavam dedicatórias na data do seu aniversário. Os telefones também eram todos guardados ali. Eu posso afirmar que a vida de uma adolescente estava em sua agenda, pois em alguns casos até as datas de trabalhos "grandes" eram anotadas nas benditas. Para que não se perdesse o prazo de entrega. Me lembro perfeitamente que quando estava na 6ª série, uns meninos malas de outra turma roubaram minha agenda. Nossa, a idéia de ter minha agenda furtada e talvez "violada" por meninos me deixou irada. Mas do lado do meu colégio tinha um moço muito legal. Ele era filho do dono da loja de ferragens e trabalhava ajudando o pai. Esse moço notou que eu estava desesperada tentando convencer os tais garotos a devolverem minha agenda. E me surpreendeu ao sair da loja e tomar a agenda deles para me devolver. Sou grata a ele até hoje por isso!

Não me preocupava nesta situação com os segredos, pois como disse usava um código. O que me preocupava era com a possibilidade dos pestinhas macularem minha companheira daquele ano. Tirarem minhas fotos do lugar, rabiscarem as páginas, amassarem os recortes dos meus ídolos, ou simplesmente ficarem lendo e debochando dos recados das amigas e dos bilhetes das paqueras que ficavam presos na folha referente ao dia que os recebi. Tinha dia que uma página era pouca para tantas "emoções e aventuras". Especialmente emoções, já que adolescentes são uma bomba-relógio de emoções!

Agora o orkut e o twitter ocupam o lugar destas agendas. Eles têm um espaço gigantesco para as fotos, os ídolos, as músicas preferidas. Pode-se criar um bonequinho com a nossa cara. Os amigos escrevem recadinhos ou depoimentos, quantas e quantas vezes quiserem, pois o espaço é "infinito", não dispõem apenas de uma única página por ano para escrever. E o microblog, Twitter, permite escrever a todo instante pequenos fragmentos do dia. "Postar" frases engraçadas, reenviar as frases de intelectuais, jornalistas, famosos. E nisso os relacionamentos se expandem e ganham novos formatos, mas isso é um outro papo e fica pra depois!

Esse "blá, blá, blá" todo para dizer que não importa os suportes onde estão as nossas recordações, os nossos segredos, o nosso singelo "arquivo pessoal e intransferível", as manifestações de afeto recebidas. O que importa definitivamente é o sentimento que fica registrado em cada um. As lembranças que ficam marcadas em nossa alma não desaparecem, já que não podem ser descartadas com um pedaço de papel ou mesmo um registro eletrônico. E muito bem diz o ditado, "O que a gente leva dessa vida é a vida que a gente leva".

"Falei" tanto que talvez hoje eu deveria ter iniciado o post com: "Meu querido blog..."

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Tá na hora, tá na hora...

Passada a Folia, as sassaricações, o feriadão e o corpo mole o ano começou pra valer. É terrível, mas no Brasil o ano só inicia efetivamente após o Carnaval. E no meu caso na quinta-feira após a quarta de cinzas. Agora não tem mais jeito, nem desculpa! Tenho que me matricular na academia para melhorar minha saúde. Não se trata de uma questão estética. Quem tem a maldita fibromialgia precisa produzir serotonina. Senão, vive a base de antidepressivos que possuem o tal neurotransmissor.

A academia é apenas uma das obrigações para esse re-começo do ano. Ainda tem o mestrado com uma fila de coisas para ler, uma infinidade de coisas para escrever, uma porrada de coisas para pesquisar e sabe-se Deus o que mais o orientador vai "inventar" ou para onde as fontes vão me lançar.

A minha promessa de ser uma dona-de-casa mais empenhada também ficou para este ano. Portanto terei que honrá-la me dispondo a não bagunçar tanto a casa e "pilotar" mais o meu potente 4 bocas que andou nestes últimos tempos cumprindo bem sua função de enfeite. Nesse primeiro mês "fake" de 2010 eu até andei fazendo um leve estágio como mestre-cuca e até que me saí bem no quesito evolução. Espero não atravessar o samba ao longo do ano.

Não posso me esquecer ainda das minhas funções: profissional, esposa, filha, neta, irmã, amiga, médium, moçoila...

Ufa! Tô com medo da responsabilidade? Que nada! Filha de Boiadeiro não corre da Boiada! Ê Boi!

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

O jardineira por que estas tão triste?

O Carnaval chegou de novo! Como o tempo passa cada vez mais rápido. Me lembro como se fosse hoje dos primeiros blocos que freqüentei assiduamente com meu marido, na época namorado. Íamos religiosamente ao Bola Preta, Banda de Ipanema e ao Simpatia! Fantasiados como manda o figurino. Pedrita, Carmem Miranda, Minie, Coelhinha. E ele de Bam Bam, Presidiário, Malandro. Os dois munidos com muito confete e serpentina. Brincando de encher os gringos de confete na orla da Zona Sul.

Engraçado olhar para tudo isso como se fizesse parte de um passado distante e delicioso. Essa nostalgia de um tempo recente se dá devido a essa modinha que os blocos se transformaram. Ah, que pena! Os meus blocos preferidos se transformaram em um mar de gente. Samba, suor e cerveja vá lá. Mas não conseguir nem ouvir o samba nessa muvuca, galera com sovaco fedorento, gente que bebe demais, mijando e vomitando, "odorizando" a cidade como a uma latrina, não dá! Momo não merece uma festa super lotada, com som abafado, catinguenta e suja! Sem falar nos inconvenientes ambulantes, carregando seus enormes isopores em suportes de rodinhas, literalmente no meio dos blocos.

Queria muito que a "febre' dos blocos do Rio passasse e os verdadeiros foliões pudessem voltar a curtir tudo que o Carnaval do Rio tem pra oferecer. Toda a magia dos blocos.


Por isso, meu Povo nostálgico como eu, está lançada a campanha, Saia do Rio no Carnaval! Ei você que viajava no Carnaval! Vá para Região dos Lagos, vá para as cidadezinhas mineiras, vá para Salvador, vá para Recife ou para Fortaleza... Colabore com o turismo e volte a viajar. E leve a sua falta de educação consigo e nos dê oportunidade de voltar aos bons e recentes-velhos tempos desta incrível "festa Pagã". Faça uma jardineira feliz!

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Vida, Louca vida...

As atribulações diárias, brigas, intrigas, trabalho, estudo, cobranças, dietas, tarefas de casa, compromissos espirituais, caridade, a condução lotada, o calor subsaariano, o carnaval, o mestrado, e sei lá mais o que, andam me tirando do sério!

São pilhas de livros para ler que por mais que eu leia elas aumentam. Trabalhos intermináveis, horas perdidas no trânsito e poucas horas de sono.

Nesse Carnaval eu só penso em passar um tempo comigo, me curtindo, me cuidando. Parar para dormir, para ler coisas não-acadêmicas, assistir filmes água com açúcar e por favor, fugir deste calor. Seja dentro de um cinema com ar condicionado violento e uma pipoquinha básica ou no meu quarto, com o ar ligado na menor temperatura possível.

Essa vida corrida me faz achar que eu ando esquecendo quem eu sou. Hoje quando eu liguei para um amigo querido que está doente percebi exatamente isso. Ele só precisava que alguém se desligasse alguns minutos destas cobranças todas e fizesse esse telefonema pra dizer "oi você é importante!".

De que vale tanto sacrifício se a nossa essência se esvai?
É fazer uma prece pra vida passar em câmera lenta, nem que seja por alguns poucos minutinhos, já que aquecer o coração é melhor que qualquer bateria de Escola de Samba!

Bom Carnaval pra gente!