sexta-feira, 22 de abril de 2011

Diversos

Pensando coisas...


Dizem que historiadores devem ser ateus. Eu digo que cada um sabe exatamente aquilo que o ajuda caminhar. Pode ser fé, política, filosofia, arte, etc. É só escolher e saber respeitar as escolhas dos coleguinhas.


Falando em respeito, amanhã tem a famosa festa de São Jorge no centro do Rio. No ano passado um grupo de fanáticos religiosos se embrenhou entre os devotos para distribuir um panfleto que inocentemente contava a história do guerreiro para depois criticar a devoção aos santos e a adoração as imagens pela Igreja Católica. O "santinho" era bem camuflado, tinha a imagem e a história logo na frente, para quem pegasse não desconfiasse. Afinal, ninguém iria parar no meio do tumulto da festa pra analisar o seu conteúdo. Ao chegar em casa que as pessoas notavam a malícia e a maldade daqueles que o distribuíam.
Torço para que este ano estas pessoas estejam empenhadas em cuidar de suas vidas particulares ou de sua Fé sem interferir na do outro. Até para evitar confusões, porque agora os fiéis já descobriram o ardil e a coisa pode virar caso de polícia. Talvez seja isto que eles queiram para manchar a festa do santo mais popular e que tanto incomoda, não é? 
Respeito é tudo!


Respeitai-vos uns aos outros

sexta-feira, 15 de abril de 2011

A filha do cavaleiro

Como já disse em outras ocasiões, nasci na Umbanda, a primeira religião que conheci. Mais tarde, por opção própria, fui fazer o catecismo na Igreja Católica. Paralelamente minha avó paterna sempre me levava ao Centro Kardecista que ela freqüentava.  Vivenciei diversas religiões ao longo da minha vida que completará, em julho, 32 anos, mas nada fazia meu coraçãozinho palpitar, nenhuma me tocava como a boa e velha Umbanda!

Pensando nos tempos que frequentei o centro que era comandado por minha tia-avó em Rocha Miranda me lembro de várias coisas. Do cheiro das ervas no início das sessões, de como gostava de ver as médiuns colocando suas roupas de baiana e suas guias coloridas, minha mãe e minha tia ficavam lindas com suas batas, da areia de praia que cobria todo o chão do terreiro, das bandeirinhas que enfeitavam o teto, do altar simples e belo forrado com toalhas brancas, da cachoeira pequenina em tamanho e imensa em energia, do quadro de Iemanjá, cujos olhos de tão expressivos pareciam nos observar. Me lembro ainda da cadeira onde descansavam a espada e o capacete de Ogum. Na minha inocência de criança me perguntava quem seria o moço importante que tinha um trono só pra ele. Sempre esperei pelo dia que o veria chegar imponente, colocar sua vestimenta, tomar sua espada e sentar em seu trono pra nos proteger. 

São tantas, tantas, lembranças. Poderia ficar horas listando-as. Mas quando tento lembrar dos pontos somente dois vem a minha mente um de abertura e o de Ogum Matinata.


Cinco horas da manhã,
No Humaitá tocou a Alvorada.
Avante cavaleiros de Umbanda,
Ele é seu Ogum Matinata!


Como bem sabemos nada é por acaso e quando meu primeiro guia se apresentou minha emoção foi triplicada, era exatamente seu Matinata! Será que foi por isso que o ponto dele nunca me saiu da cabeça?


Sou filha de Ogum com muito orgulho e enquanto freqüentei a Igreja Católica me encantei pelo carismático São Jorge. Até hoje vou a sua igreja levar flores. Por isso aguardo ansiosa o mês de abril todo ano. A energia é incrível. No dia 23 então, nem me se fala... Até o filhote já está com a roupinha vermelha comprada e separada pra homenagear. Ogum Iê, meu pai!


Salve Ogum! Salve São Jorge! Salve a Fé de todos os seus filhos!



Que cavaleiro é aquele que vem cavalgando sob o céu azul.
Elé é seu Ogum Matinata, 
Ele é defensor do Cruzeiro do Sul!
E e e. E e a. 
E e e, seu Canjira, pisa na Umbanda!


Ele jurou bandeira.
Ele tocou clarim.
E o exército todo,
É comandado por Ogum.
Salve Ogum Iara!
Salve Ogum Megê!
Salve Ogum Matinata!
Salve Ogum Naruê!


Na ponta da romaria,
Eu vi um cavaleiro de ronda.
Trazia uma espada na cinta
E uma lança na mão.
São Jorge venceu a guerra
E matou o dragão!



Ogum! Ele nunca balança ele pega na lança ele mata o dragão... Zeca Pagodinho.