quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Para Iemanjá?

O blog é um espaço para eu escrever, mas esses dias os amigos da Umbanda e do Candomblé postaram uma imagem com uma mensagem que resume a minha opinião quanto a determinadas oferendas a Iemanjá. Compartilharei aqui também para reflexão. Será que Iemanjá realmente precisa ter suas águas invadidas por papel, tecido, espelhos, garrafas, madeira, isopor? É isso que ela espera dos seus filhos?

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Ação e reação

Aprendemos desde cedo na escola que pra toda ação existe uma reação. Na verdade, a maioria de nós apenas decorou pra ser aprovado. Pois se tivéssemos aprendido efetivamente entenderíamos essa lição como um ensinamento pra vida toda, pro dia-a-dia. Quando se fala em Lei do Retorno ou em merecimento, ou ainda em amar a teu próximo como a ti mesmo e não faça aos outros o que não quer que façam contigo, saberíamos que não há ai nenhum mistério religioso ou coisa parecida. Isso, amigos, é Física, é Natureza, é lei do Universo, é básico, simples e bonito.

"Seu" Laçador, sábio Boiadeiro, costuma dizer que nós nos afastamos demais da Natureza e perdemos demais com isso. Não sabemos mais observá-la e aprender com ela através das coisas mais simples. Há pouco tempo, em conversa com um consulente muito querido, ele me deixou uma mensagem sobre isso e acho que é a hora de compartilhar. O ano de 2011 chega ao fim, cumpriu sua missão e agora vai nos deixar de presente um ano inteirinho para que tenhamos mais oportunidades de buscar equilíbrio e elevação espiritual.

Bem, voltando a conversa, ele dizia que nós devemos tratar nossos sonhos e nossos planos como os agricultores fazem com as plantas. Nós plantamos os nossos objetivos e muitas vezes largamos de lado ou esperamos que de um dia para o outro a semente se transforme num imenso jequitibá.

A árvore para crescer saudável, bela e frondosa precisa de muito zelo e paciência. Precisa ser regada, a terra precisa muitas vezes de adubo, outras vezes precisamos podar alguns galhos, em outros casos é necessário tratar as pragas que aparecem e quase fazem a árvore definhar. Sem o mínimo de cuidados, muitas vezes conseguimos no máximo uma planta fraca que pode morrer a qualquer momento.

Um novo ano está prestes a começar, com ele nossas esperanças se renovam, fazemos novos planos. Não vamos deixar que esses planos morram antes de germinar. Sejamos cuidadosos e perseverantes, sempre respeitando as Leis da Natureza! Vamos reservar mais tempo a reflexão e a entender a qualidade dos nosso desejos! Boa colheita pra gente!

Vejo vocês em 2012!

Getruá, seu Laçador!




"Somos a colheita da semeadura de outrora!"

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

A Nossa Senhora.

Dia 12 de outubro é dedicado a Nossa Senhora Conceição Aparecida e também as Crianças! Eu amo festejar essa data. Meu dia começa cedinho pra cumprir uma tradição familiar. Mas antes quero falar um pouquinho sobre Nossa Senhora Aparecida. Ela é a cara do nosso povo, a padroeira do nosso Brasil. Uma santa cuja representação é de uma mulher negra. Conta-se que sua imagem foi encontrada nas águas do Rio Paraíba do Sul por humildes pescadores que atravessavam um período de escassez de pescado e que após encontrá-la passaram a arrastar as redes sempre fartas de peixes. Assim deram início ao culto a Nossa Senhora Aparecida.
Seus fiéis acreditam que um dos seus primeiros milagres foi soltar as correntes que prendiam o escravo Zacarias, que ao passar em frente ao seu santuário pediu que seu feitor o deixasse orar a Nossa Senhora. Com a devida autorização o escravo ajoelhou-se aos pés da imagem e em oração suas correntes caíram deixando Zacarias livre.
Além de padroeira do Brasil, ela é a protetora dos motociclistas. Todo dia 12 de outubro, em diferentes lugares do país, moto-clubes e motociclistas se organizam para homenagearem a sua protetora em uma procissão bem diferente. Atrás da imagem de Nossa Senhora vão centenas de motos e triciclos com todo tipo de decoração conduzidas por homens e mulheres vestidos com roupas de couro e seus tradicionais coletes representando os moto-clubes. Um luxo!
No Rio de Janeiro a imagem sai de Copacabana em direção a Paróquia de Nossa Senhora Conceição Aparecida que fica no Cachambi. As ruas por onde a procissão exótica passa ficam lotadas de fiéis, muitos com bandeirinhas azuis e brancas para saudar Nossa Senhora.
A missa dos motociclistas é externa para que eles possam ter suas máquinas abençoadas e começa com a chegada de um helicóptero que derrama pétalas de rosas sobre a imagem e o público que vai assistir a missa. A emoção transborda em lágrimas em muitas pessoas e é impossível não se contagiar nesse momento de Fé. Após a missa, os motociclistas estacionam na rua ao lado da igreja e fazem uma enorme confraternização. Muitas pessoas aproveitam o momento para tirar fotos das, e com as, motos e triciclos mais exuberantes. 
Faço questão de ir todos os anos aguardar a chegada de Nossa Senhora Aparecida e assistir o espetáculo da diversidade, respeito e Fé que acontece na festa dela. 
Quem quiser participar a Paróquia fica na rua Ferreira de Andrade, 103. E a procissão passa pela rua Capitão Rezende. Onde a maior parte dos fiéis fica aguardando a imagem antes de irem para a missa. Geralmente a imagem chega ao bairro entre 9:30h e 11h. Vale a pena esperar!
Depois como é dia das Criança ainda dá tempo de levar a garotada pra pegar doces nas ruas do bairro. Ou ir pro terreiro louvar nossos Ibeijis. Que tal?


Salve Nossa Senhora Aparecida!
Salve Oxum!
Salve as Crianças!
Oni Ibejada!






Fotos retiradas dos seguintes blogs, respectivamente:



Essa é minha, de 2008.


sábado, 10 de setembro de 2011

Ida e volta Severina!

Sentada no ônibus lotado indo em direção ao trabalho, perdida em um avalanche de pensamentos se depara pela janela com a visão do táxi mais curioso de todos os tempos. A parte interna do carro era toda decorada com a temática "cachorrinhos". Isso significa que o painel e aquela tampa da mala na parte de trás do carro eram completamente cobertas por aqueles cachorrinhos de camelô que balançam a cabeça incessantemente com a vibração do motor. Tentava imaginar quantos cachorrinhos deveria ter ali. Para completar a excentricidade da coisa, as paredes internas eram cobertas de adesivos que imitavam papinhas de cachorro. Tá bom pra vocês? Resolveu "analisar" o motorista do táxi. O sujeito, claro, não ficava atrás! Usava um colete de couro preto por cima da camisa social branca, boina preta e pra arrematar o visual, aquelas clássicas luvas de couro sem dedos de motoqueiro.

Foi demais pra sua cabeça! Tanta informação junta deu sono. Resolveu tirar aquele cochilo básico e digno da galera que consegue um lugar sentado no ônibus. Acordou assutada, teve a impressão de que todos a sua volta falavam uma língua desconhecida. Olha pros lados, escuta. Foi engano, mais cochilo!

Acorda novamente, vê a moça sentada do outro lado do corredor ser furtada por um sujeito que tinha "cara do que ia fazer". Ele corre pela principal rua do centro com o celular que "ganhou" nas mãos. Passa em frente a dois policiais que conversam animados e distraídos em frente ao parque. Mesmo diante da cena curiosa e com os gritos dos passageiros, os dois nem se movem. O papo estava mais interessante! A mocinha sem celular, resignada julga melhor deixar pra lá e ir trabalhar. Nada vai mudar!

Passa o susto. O sono chega novamente. A linguagem estranha interrompe o cochilo mais uma vez. Ela se pergunta que língua é aquela que as pessoas estão falando. Não é inglês, tampouco francês. Nem espanhol, nem alemão, nem japonês, muito menos português?! Algum dialeto africano talvez? Desiste de decifrar o enigma!  Finalmente chega ao destino arrependida por ter esquecido o fone de ouvido.

Como tudo que vai uma hora volta, chega a segunda fase da odisseia diária.

Ônibus com ar condicionado, lotado. Todos espremidos. Uns com o desodorante vencido desde a noite anterior. Ela decide se concentrar em outra coisa pra ver se o cheiro fica menos sufocante no coletivo trancado. Observa uma família sentada. Esposa, marido e filhinho. Os três comem milho e tomam guaraná natural de R$1,00. Conversam aos berros! O cheiro de falta de banho volta a incomodar. Ela olha para outro lado. Localiza o foco da catinga. Vinha de um rapaz que lia um livro de filosofia e tinha "pinta de universitário-intelectual-revolucionário"! O moçoilo barbudo desce com a graça de Deus no ponto da universidade. Ela já sabia. Pena que não acerta assim na mega sena. A trololó family deixa o ônibus logo em seguida. Deixam uma herança, o banco que ocupavam em petição de miséria. Grãos de milho esmagados e guaraná nos assentos. Por sorte, ela traz na bolsa lenços umidecidos, coisa de usuário dos coletivos da cidade. Limpa o banco e se senta! Vê o comércio de rua passando pela janela pra esquecer a irritação por que o ônibus continua com o fedor do rapaz e pela falta de educação das pessoas. Depois de alguns minutos, muito trânsito e a impertinência de um rapaz que decide compartilhar seu setlist recheado de funks grostescos e pagodes depressivos com todos os passageiros do "bus", consegue finalmente descer em seu bairro rumo a sua casinha.

Ao chegar liga a tv para saber as últimas notícias. Um ônibus acabara de ser sequestrado, pessoas baleadas, não se sabe quem fez os diparos. Bandidos ou Polícia? Pensa o quanto é desgastante e arriscado se locomover pela cidade. Uma pena! Um barulho irritante e insistente ao fundo. O que será? Ah, é o despertador está na hora de levantar pra ir trabalhar. Senta na cama e pensa que foi apenas um pesadelo! Será? Vai se arrumar sonolenta para enfrentar mais um dia de caos no trânsito, transporte coletivo digno de país de 8º mundo, insegurança, desordem e tudo o mais que só os governantes são capazes de promover em "benefício" do povo. E ainda dizem que a cidade poderá sediar eventos esportivos internacionais. Como?
Ninguém sabe! Na dúvida do que a aguarda pede proteção a Deus e segue sua jornada diária.

Welcome to...

    Em busca de padrões internacionais.


sábado, 13 de agosto de 2011

Bons ventos, muita chuva e nova colheita


Como bem diz o ditado, tem mais Deus pra dar, do que o diabo pra tirar.
A letra da música felicidade é um sopro reconfortante, "oia" ai...
Haverá um dia em que você não haverá de ser feliz.
Sem tirar o ar, sem se mexer, sem desejar como antes sempre quis.
Você vai rir, sem perceber, felicidade é só questão de ser.
Quando chover, deixar molhar pra receber o sol quando voltar.
Lembrará os dias que você deixou passar sem ver a luz.
Se chorar, chorar é vão porque os dias vão pra nunca mais.
Melhor viver, meu bem, pois há um lugar em que o sol brilha pra você.
Chorar, sorrir também e depois dançar, na chuva quando a chuva vem.
Melhor viver, meu bem, pois há um lugar em que o sol brilha pra você.
Chorar, sorrir também e dançar.
Dançar na chuva quando a chuva vem.
Tem vez que as coisas pesam mais do que a gente acha que pode aguentar.
Nessa hora fique firme, pois tudo isso logo vai passar.
Você vai rir, sem perceber, felicidade é só questão de ser.
Quando chover, deixar molhar pra receber o sol quando voltar.
Melhor viver, meu bem, pois há um lugar em que o sol brilha pra você.
Chorar, sorrir também e depois dançar, na chuva quando a chuva vem.
Melhor viver, meu bem, pois há um lugar em que o sol brilha pra você.
Chorar, sorrir também e dançar.
Dançar na chuva quando a chuva vem.
Marcelo Jeneci/ Chico César





Mistérios?

A Luz pode se apagar temporariamente para enganar as trevas e triunfar. Mas as trevas não podem se esconder onde há Luz. Porque simplesmente onde há Luz não há escuridão, pode existir sombras, mas NUNCA escuridão.

Fico triste quando alguém me ofende, mas, com certeza, eu ficaria mais triste se fosse eu o ofensor. Magoar alguém é terrível! Chico Xavier

Exú é um espelho que reflete sua alma. Quem pede o bem tem o bem. Quem pede o mal, pede o que tem...  




Tem gente que está do mesmo lado que você
Mas deveria estar do lado de lá
Tem gente que machuca os outros
Tem gente que não sabe amar
Tem gente enganando a gente
Veja a nossa vida como está
Mas eu sei que um dia a gente aprende
Se você quiser alguém em quem confiar
Confie em si mesmo
Quem acredita sempre alcança!

Renato Russo

sábado, 2 de julho de 2011

Não é adeus

Minha avó faleceu no sábado passado. Bem no meio do feriado, após dois dias maravilhosos de curtição com meu bebê. Foi duro receber a notícia. Não quis me despedir dela em casa, preferi ir ao cemitério. Não queria vê-la no caixão. Nunca tinha visto ninguém nessa condição. Quando vi seu corpo material que a ficha caiu. Aquilo que estava ali não era ela. Não senti o medo que eu temia, mas também não achei agradável ficar dentro da capela. Acompanhei o cortejo, fui até o final. Vi o caixão descer para o buraco na terra. As tampas foram fechadas com cimento. A terra só é jogada e a grama arrumada depois. O cimento deveria secar primeiro. Enquanto isso eu sentia a brisa suave de Oiá acariciando meus cabelos, as lágrimas escorriam por trás dos óculos escuros. Pedi a ela que guiasse o espírito de minha avó a sua nova vida. Cantei mentalmente alguns pontos de Obaluaê. Mentalizei coisas boas, pedi  aos meus guias força para todos nós. Pensei se alguém, além de mim, notou aquela brisa carinhosa que começou e terminou junto com a cerimônia. Meu pai só escutou o canto dos pássaros!




A gente perde tempo pensando naquilo que não tem e esqueço daquilo que tem... (René?)


terça-feira, 14 de junho de 2011

Saudade de que?

Tô com certa saudade de sentar a bunda na cadeira em frente ao pc e escrever pro blog. Pensando apenas nas frases que digito. Tá, eu nunca fiz isso, é verdade.
Mas eu sou esse tipo de pessoa, que às vezes sente saudade daquilo que não viveu, mas bem que poderia ter vivido!
Falta tempo, mais do que coragem, pra gente viver tanta coisa boa. Porque coisa ruim vem, mesmo quando o tempo é curto, cacete!
Sobra responsabilidade e falta lazer. Esbanja-se trabalho e dívidas enquanto a mordomia foge em disparada ladeira abaixo.
Tem alguma coisa errada! Ou não?
Deixa pra lá, depois eu volto. Vim só tirar a poeira do teclado.





Tempo, tempo mano velho, falta um tanto ainda eu sei
Pra você correr macio

Tempo, tempo mano velho, falta um tanto ainda eu sei
Pra você correr macio
Como zune um novo sedã

Tempo, tempo, tempo mano velho
Tempo, tempo, tempo mano velho
Vai, vai, vai, vai, vai, vai

Tempo amigo seja legal
Conto contigo pela madrugada
Só me derrube no final

(Sobre o tempo - Pato Fu)

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Diversos

Pensando coisas...


Dizem que historiadores devem ser ateus. Eu digo que cada um sabe exatamente aquilo que o ajuda caminhar. Pode ser fé, política, filosofia, arte, etc. É só escolher e saber respeitar as escolhas dos coleguinhas.


Falando em respeito, amanhã tem a famosa festa de São Jorge no centro do Rio. No ano passado um grupo de fanáticos religiosos se embrenhou entre os devotos para distribuir um panfleto que inocentemente contava a história do guerreiro para depois criticar a devoção aos santos e a adoração as imagens pela Igreja Católica. O "santinho" era bem camuflado, tinha a imagem e a história logo na frente, para quem pegasse não desconfiasse. Afinal, ninguém iria parar no meio do tumulto da festa pra analisar o seu conteúdo. Ao chegar em casa que as pessoas notavam a malícia e a maldade daqueles que o distribuíam.
Torço para que este ano estas pessoas estejam empenhadas em cuidar de suas vidas particulares ou de sua Fé sem interferir na do outro. Até para evitar confusões, porque agora os fiéis já descobriram o ardil e a coisa pode virar caso de polícia. Talvez seja isto que eles queiram para manchar a festa do santo mais popular e que tanto incomoda, não é? 
Respeito é tudo!


Respeitai-vos uns aos outros

sexta-feira, 15 de abril de 2011

A filha do cavaleiro

Como já disse em outras ocasiões, nasci na Umbanda, a primeira religião que conheci. Mais tarde, por opção própria, fui fazer o catecismo na Igreja Católica. Paralelamente minha avó paterna sempre me levava ao Centro Kardecista que ela freqüentava.  Vivenciei diversas religiões ao longo da minha vida que completará, em julho, 32 anos, mas nada fazia meu coraçãozinho palpitar, nenhuma me tocava como a boa e velha Umbanda!

Pensando nos tempos que frequentei o centro que era comandado por minha tia-avó em Rocha Miranda me lembro de várias coisas. Do cheiro das ervas no início das sessões, de como gostava de ver as médiuns colocando suas roupas de baiana e suas guias coloridas, minha mãe e minha tia ficavam lindas com suas batas, da areia de praia que cobria todo o chão do terreiro, das bandeirinhas que enfeitavam o teto, do altar simples e belo forrado com toalhas brancas, da cachoeira pequenina em tamanho e imensa em energia, do quadro de Iemanjá, cujos olhos de tão expressivos pareciam nos observar. Me lembro ainda da cadeira onde descansavam a espada e o capacete de Ogum. Na minha inocência de criança me perguntava quem seria o moço importante que tinha um trono só pra ele. Sempre esperei pelo dia que o veria chegar imponente, colocar sua vestimenta, tomar sua espada e sentar em seu trono pra nos proteger. 

São tantas, tantas, lembranças. Poderia ficar horas listando-as. Mas quando tento lembrar dos pontos somente dois vem a minha mente um de abertura e o de Ogum Matinata.


Cinco horas da manhã,
No Humaitá tocou a Alvorada.
Avante cavaleiros de Umbanda,
Ele é seu Ogum Matinata!


Como bem sabemos nada é por acaso e quando meu primeiro guia se apresentou minha emoção foi triplicada, era exatamente seu Matinata! Será que foi por isso que o ponto dele nunca me saiu da cabeça?


Sou filha de Ogum com muito orgulho e enquanto freqüentei a Igreja Católica me encantei pelo carismático São Jorge. Até hoje vou a sua igreja levar flores. Por isso aguardo ansiosa o mês de abril todo ano. A energia é incrível. No dia 23 então, nem me se fala... Até o filhote já está com a roupinha vermelha comprada e separada pra homenagear. Ogum Iê, meu pai!


Salve Ogum! Salve São Jorge! Salve a Fé de todos os seus filhos!



Que cavaleiro é aquele que vem cavalgando sob o céu azul.
Elé é seu Ogum Matinata, 
Ele é defensor do Cruzeiro do Sul!
E e e. E e a. 
E e e, seu Canjira, pisa na Umbanda!


Ele jurou bandeira.
Ele tocou clarim.
E o exército todo,
É comandado por Ogum.
Salve Ogum Iara!
Salve Ogum Megê!
Salve Ogum Matinata!
Salve Ogum Naruê!


Na ponta da romaria,
Eu vi um cavaleiro de ronda.
Trazia uma espada na cinta
E uma lança na mão.
São Jorge venceu a guerra
E matou o dragão!



Ogum! Ele nunca balança ele pega na lança ele mata o dragão... Zeca Pagodinho.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Passado, presente e futuro

Estava passeando esses dias com meu baby aqui pertinho de casa e vi a moça que cambonei na primeira casa de Umbanda que fiz parte do corpo mediúnico. Vê-la me trouxe uma série de lembranças, nostalgia, tristeza, alegria, reflexões.


Naquela casa todas as entidades de médiuns trabalhadores tinham cambonos fixos e em alguns casos mais de um. Eu era cambona da Cabocla Jussara! Essa experiência foi muito decepcionante, pois não houve nenhum tipo de ensinamento, nenhuma conversa. Minha função se resumia a acender charuto, pegar água e andar atrás da Cabocla durante um determinando momento da gira esperando que ela me pedisse alguma destas coisas. Alguns podem me dizer que isso é falta de humildade minha, pois servir é uma forma de aprendizado.


Concordo, servir é uma excelente forma de aprendermos. O que não concordo é com o distanciamento imposto entre entidade e cambono. Não concordo com vaidades. Isso mostra o quanto do médium em desequilíbrio se sobressai a entidade. Nenhuma entidade de Luz deixa de transmitir ensinamentos aos seus filhos, sejam eles seus médiuns auxiliares, cambonos ou assistentes. Porém, como bem diz um amigo meu, naquele lugar, em muitos casos, o conhecimento está justamente em saber distinguir o certo do errado. O que se deve fazer e o que nunca devemos pôr em prática ou absorver para nossas vidas.


Como não só de lembranças ruins nosso passado é constituído, neste mesmo lugar conheci entidades maravilhosas, pessoas admiráveis que são queridíssimas até hoje. Guardo um enorme carinho daquele templo e tive enorme dificuldade para me desligar de lá. Foi preciso que seu Boiadeiro Laçador me desse inúmeras chamadas e me auxiliasse bastante para que eu caminhasse em minha nova estrada.


Esse processo foi bastante doloroso! Não entendia porque eu deveria naquele momento de transição, entre uma casa e outra, me desligar de tudo o que eu havia passado. Sou uma pessoa nostálgica por natureza e  me perguntava como "esquecer" todo carinho e gratidão que eu tinha por aquele lugar que me abriu tantas portas e janelas para a vida espiritual, e por que não dizer material. Ali foi o único local, naquele período, onde encontrei a minha calmaria depois de tantos tormentos.


Naquela esquina, revendo aquela médium, pude entender perfeitamente que eu havia chegado onde deveria quanto a minha ligação a antiga casa. Eu conseguira me desligar sem que isso me impedisse de viver minhas novas experiências. No fundo, o que acontecia é que durante alguns meses eu ainda vivia com a esperança de voltar, mas isso nunca aconteceria. Enquanto eu continuasse cantando os antigos pontos, continuasse estreitando os laços com os amigos que conheci lá, meu coração não se abriria verdadeiramente a minha nova casa, a minha nova missão, aos meus novos amigos e minha nova família espiritual. Tudo isso porque eu acreditava que esse afastamento era uma espécie de traição.


Custei a entender que a Umbanda não está em um lugar determinado, em um endereço específico. E talvez por isso eu tenha demorado tanto tempo a voltar a pisar em um terreiro. Até pra chegar a essa primeira casa onde trabalhei passei por uma luta. Tive que tirar da minha cabeça a referência do centro familiar onde cresci e que freqüentei até fazer meus 13 anos, quando esse fechou suas portas. Minha mediunidade fora travada uma vez pelo meu apego e seria novamente se o seu Boiadeiro não fosse tão presente e exigente quanto à minha postura. Hoje só tenho a agradecer! Por aquilo que passei, pelo que passo e por tudo que ainda passarei... 




"A gratidão é a memória do coração". 
Antístenes

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Tá no sangue


Foi com seu marido a uma roda de samba promovida por um bloco carnavalesco em São Cristóvão. Não fazia parte daquele ambiente e não se sentia confortável, mas tentava conversar.

Logo sentiu um cheiro de ervas queimando. Pensou: Ah, que cheiro mais gostoso! Olhou para os lados procurando de onde vinha aquele aroma tão familiar. Desconfiou de um corredor onde havia uma vela acesa bem na entrada. Era a vela dos Guardiões. Só podia ser! O amigo do marido confirmou, no final daquele corredor havia uma casa de Umbanda em trabalho. Era dia de gira de Exú.

Algumas pessoas que estavam no evento freqüentavam aquela casa e resolveram entrar. Resolveu ir também conhecer a casa, afinal aquele evento não estava lhe dizendo absolutamente nada.

A casa era muito humilde, com pouquíssimos médiuns e uma assistência considerável. Como o terreiro era pequeno tanto os médiuns quanto a assistência ficavam numa espécie de quintal. As entidades falavam com todos que estavam presentes. Se aproximavam de um por um. Ela entrou e sentiu a vibração do lugar, achou muito boa e se sentiu confortável para observar de um cantinho o funcionamento da casa, o trabalho das entidades, ouvir as gostosas gargalhadas dos guardiões, descarregar.

Conversando baixinho com outras pessoas que se encontravam mais afastadas, aguardando as palavras dos amigos Exús que estavam presentes, soube que todos esperavam ansiosos a chegada da querida e carismática Dona Sete, entidade que trabalha com a Babá daquela casa.

Nesse cenário os guardiões continuavam conversando aos poucos com todos até que o Malandro se aproximou dela, com sua roupa de linho branca alinhada, seu cigarro numa das mãos e seu copo de cerveja na outra. Contrariando sua postura divertida, muito sério ele lhe disse: A curiosidade matou o gato!

Realmente estava muito curiosa e soube na hora que o “recado” dado pelo Malandro na verdade vinha de outra entidade. Vinha do seu pai, era do seu Laçador! Sabia que não estava sendo repreendida por entrar ali, era mais um lembrete, pois para cada ato existe uma conseqüência.

O Malandro continuou conversando com ela e ofereceu seu copo e lhe disse: Beba três goles e faça seu pedido. A moça obedeceu. Bebeu com fé a cerveja e fez seu pedido. Desejando principalmente que seu merecimento possibilitasse sua realização. Devolveu o copo ao Malandro que se afastou após mais algumas brincadeiras.

Chegou o momento da tão aguardada incorporação da Dona Sete. Ela veio toda formosa, com seus movimentos suaves, porém sensuais. A Babá, uma senhora que aparentava quase 80 anos, parecia ter rejuvenescido no mínimo uns 40. Que coisa mais linda! Quanta força. Sentiu uma vibração forte, sabia que Padilha também estava ali.

Depois de conversar e cumprimentar os filhos que estavam mais próximos, D. Sete se juntou ao pequeno grupo onde se encontrava. Fez gracejos aos rapazes. Olhou curiosa e sorridente para a mocinha. Analisou-a! Naquele momento pode perceber claramente a conexão entre médium e entidade. Em tom divertido a Pomba Gira lhe disse: Não gosto muito de conversas com mulheres, mas te direi uma coisa, está muito bem acompanhada! Um relâmpago percorreu seu braço direito como se este tivesse vontade própria e fosse laçar algo. É, seu pai realmente estava presente. As duas trocaram um sorriso com os olhos e D. Sete continuou seu trabalho.

Lá fora a música da roda de samba diminuía, era hora de ir. Olhou mais uma vez aquela casa de caridade, o Conga, as entidades em ação, as pessoas. Agradeceu em uma prece a oportunidade de mais um experiência e se despediu.

Algumas pessoas são assim, saem de casa para irem ao Samba e terminam a noite em uma Gira de Umbanda junto aos Guardiões. Porque Umbanda tá no sangue!




De manhãzinha quando eu desço o morro, 
a nega pensa que eu vou trabalhar,
mas eu coloco meu baralho no bolso, meu cachecol no pescoço
e vou pra Barão de Mauá
Trabalhar, trabalhar
Trabalhar pra quê? 
Se eu trabalhar eu vou morrer!!!






Seu boiadeiro por aqui choveu
Seu boiadeiro por aqui choveu
Choveu, choveu, Relampiou
Foi tanta água que seu boi nadou




segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Fraldas vazam

Passados dois meses do nascimento do meu baby lindo, finalmente consegui me sentar para escrever sobre minhas primeiras impressões dessa nova jornada que é pra essa vida toda!
A primeira coisa que eu tenho pra dizer é como eu queria que as pessoas me contassem as dificuldades do primeiro mês. Contassem mesmo, nos mínimos detalhes. Claro que cada um encara de um jeito as adversidades e novidades, mas depois fui descobrir que todo o medo, a insegurança e o chororô por que passei são clássicos para quase todas as mamães. Especialmente para as mamães de primeiríssima viagem como eu.
Pra somar com o chamado baby blues (esse processo de melancolia pós-parto) ainda passei por uma experiência de parto que não foi legal, minha pressão estava alta, minha médica conduziu as coisas de uma forma que eu não gostei, o anestesista me dopou demais devido a meu nervosismo e eu perdi o momento que eu  esperei por 9 meses. Que foi ver meu baby assim que ele saiu da minha barriga e sentir ele em cima do meu peito pela primeira vez. Pra ver a carinha dele bem de pertinho.
Esses fatores juntos me deram uma derrubada. Depois vem a amamentação que não tem nada de simples e glamuroso como pregam por ai.
Nesse tempo fiquei pensando, porque eu estava me cobrando tanto. Claro que todos querem sempre que as coisas saiam da melhor forma possível, mas as minhas cobranças beiravam a loucura. Foi nesse momento reflexão que eu vi que essa onda de parto natural-humaninzado, amamentação exclusiva no peito até os 6 meses, não oferecer chupeta e blá, blá, blá acabam deixando as mamães que não conseguem realizá-los frustradas e isso piorou demais esse estado de fragilidade que vivencia-se no pós-parto.
Não quero dizer que a tal onda não seja positiva, mas é importante deixar claro que ninguém é menos mãe ou uma mãe ruim por ter passado por uma cesariana ou por dar leite artificial ao seu bebê ou ainda por não poder comprar um sling, mamadeira de vidro com bico especiais "desenvolvidos pela NASA", etc. Ser uma boa mãe está muito além, exige antes de tudo amor incondicional e muito racional. Ambíguo assim! Complexo assim! Tão simples assim!
Se as melhores fraldas do mercado vazam, e como vazam, decidi parar de me cobrar e vivenciar, me doar a essa nova aventura e dar boas gargalhadas dos banhos de xixi que meu filhote me dá!
Tão simples assim!
Vou lá amamentar e quando sobrar mais um tempinho eu volto.





As suas lágrimas não substituem o suor que você deve verter em benefício da sua própria felicidade.